sexta-feira, 3 de abril de 2009

RESUMO SOBRE O LIVRO EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA JOSÉ ARMANDO VALENTE







Educação a distância ...
Marcus Vinicius Maltempi

O texto de José Valente é uma excelente reflexão sobre os diferentes tipos de Educação a Distância (EAD) possíveis, tendo como foco, a abordagem pedagógica. Tal análise muitas vezes é equivocadamente negligenciada, dando lugar a discussões sobre o design de cursos e ferramentas computacionais, e sobre a operacionalização do processo do curso em questão. Essas outras discussões, apesar de cruciais para o sucesso da EAD, são norteadas pelos resultados que se desejam alcançar, que deveriam ser estabelecidos com base na abordagem pedagógica. Por exemplo, se o objetivo é passar informação estruturada aos alunos, as abordagens broadcast e virtualização da escola tradicional devem ser empregadas, enquanto se o objetivo é favorecer a construção de conhecimento pelo aluno, deve-se optar pela abordagem estar junto virtual.
Atualmente, a abordagem que copia a escola tradicional é a mais empregada em todos os níveis da EAD. A transposição direta do modelo praticado em aulas presenciais para a EAD baseada na Internet é um processo compreensível. A história mostra que isso ocorre sempre no início do uso de uma nova tecnologia com um fim para o qual ela não foi inicialmente projetada. Entretanto, já existem várias experiências realizadas nos últimos anos (Moraes, 2002) mostrando que a internet, ao contrário do rádio ou da televisão, por exemplo, é muito mais flexível e oferece oportunidades mais ricas. Oportunidades essas que dão margem à criação de ambientes de ensino-aprendizagem até então inimagináveis, que podem introduzir características que facilitem o estar junto virtual. Esta abordagem é a mais complexa de ser obtida nos dias atuais, pois requer professores preparados para atuar de forma diferente da qual foram educados, drástica redução no número de alunos por professor e, conseqüentemente, mudança de postura de todos os que atuam no ambiente educacional.
Entretanto, a nova sociedade que está sendo moldada necessita de indivíduos muito mais capazes do ponto de vista de criatividade e geração de conhecimento, conforme antecipado por alguns autores (Toffler, 1990; Drucker, 1993). Nesta sociedade, denominada por alguns de “sociedade do conhecimento”, a memorização da informação (base da escola tradicional) deve dar lugar ao processamento da mesma, oferecendo condições para o aprendiz construir seu conhecimento. Essas idéias enfatizam e valorizam a abordagem estar junto virtual e, conseqüentemente, a necessidade de se desenvolver ferramentas novas (de comunicação e interação) totalmente reformuladas e especialmente projetadas para essa abordagem, ao invés de tentar adaptar as existentes sem muito sucesso. Além disso, enfatizam a importância do Ensino Superior e suas áreas de atuação: ensino, pesquisa e extensão.
O Ensino Superior atual passa por uma crise de falta de vagas, pressionado pelo crescente número de egressos do Ensino Médio, pela valorização atribuída ao diploma universitário e pela necessidade de constante atualização profissional (educação continuada). Esta crise, que tende a se agravar, aliada às dimensões do Brasil e à infra-estrutura física disponível, certamente pressionará pela ampliação da oferta de cursos superiores semipresenciais ou totalmente à distância. Considerando-se também que os meios de comunicação (p.ex., Folha Sinapse, 2002) difundem cada vez mais um sentimento de necessidade de melhorar a qualidade da educação com abordagens que promovam a construção de conhecimento, muitas instituições vêm ampliando sua oferta de cursos e prometendo resultados de aprendizagem que não condizem com a forma como os cursos são estruturados e conduzidos, resultando em frustração.
Muitas instituições cometem o erro de apresentar um discurso e praticar outro pelo simples fato de não saber como fazer, dada a complexidade do assunto. As idéias para superar essa complexidade, ou seja, praticar uma EAD de modo a promover a construção de conhecimento, virão de pesquisas e experiências que não tenham o receio de flexibilizar e improvisar, misturando, em certos momentos, características de diferentes abordagens.

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